MEIO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE
por Wilson Miguel, engenheiro agrônomo, extensionista da Coop Sertão Veredas.
Vamos
acompanhar o seguinte raciocínio:
Tomemos
um pé de buriti.
Calcula-se,
em média, que um pé de buriti pode produzir 4 cachos que totalizam até 160 kg
de frutos.
Estes
160 kg de frutos podem produzir até 30 kg de raspa.
Um
quilo de raspa está sendo comercializado para a cooperativa Sertão Veredas ao
preço de R$10,00.
Então
um pé de buriti pode render até R$300,00.
Outros
produtos como a palha, a seda e os braços podem ser utilizados para o
artesanato e construções.
Mas
não para por aí.
Se
considerarmos que um pé de buriti com suas folhagens ocupa uma área de pelo
menos 20 metros quadrados.
Tomando
a média anual de chuvas na região, 1200 mm, o que equivale a 1200 litros de
água por metro quadrado.
Temos
então que na área correspondente ao pé de buriti vai chover 24.000 litros de
água.
Uma
cisterna de placas que coleta água da chuva armazena 16.000 litros de água que
é suficiente para suprir as necessidades domésticas de uma família de 6 pessoas
por até 8 meses.
O
nosso buriti que consegue coletar 24.000 litros durante o período das chuvas,
armazena esta água entre o sistema
radicular e vai liberando para a vereda ao longo do ano.
Concluimos
que um pé de buriti produz frutos, material para artesanato e água.
Por
outro lado, se retiramos este pé de buriti e no seu lugar plantamos feijão.
Vamos ter a seguinte situação:
Em
20 metros quadrados, em boas condições de cultivo podemos obter até 6 quilos de
feijão.
Plantando
feijão nesta área por três anos, que é o tempo que o buriti demora a repetir a
safra, vamos colher 18 quilos de feijão.
Vendendo
este feijão ao preço de R$3,50 o quilo, vamos ter uma renda de R$63,00.
Então
temos:
Um
pé de buriti a cada três anos pode render R$300,00. Além da água e material para
artesanato.
A
mesma área cultivada com feijão durante três anos rende R$63,00.
Dá
para fazer uma comparação e ver qual empreendimento é mais vantajoso.
Mas
então agora alguém poderia perguntar: “o que isso tem a ver com
sustentabilidade e meio ambiente?”
A
sustentabilidade está em saber que dos frutos que o buriti produz nós
precisamos dividir em três partes:
Uma
parte deve ser deixada na natureza para alimentação dos animais e para servir
de semente para formação de novos buritizeiros.
Uma
segunda parte precisamos guardar para alimentação familiar durante o período de
entressafra.
A
terceira parte podemos vender para a cooperativa e obter uma renda de R$100,00,
ainda assim superior ao rendimento que se poderia obter com o cultivo de feijão
por três anos.
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